terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu odeio meus vizinhos!

Eles se mudaram para o bairro há pouco mais de um ano. É um casal de meia idade com um casal de filhos adolescentes. Pelo logotipo na porta da caminhonete, acredito que ele deve trabalhar em uma cidade distante. Passa os dias de semana fora e, normalmente, chega no começo das noites de sexta-feira.
A primeira vez que ouvi aquele buzinaço subindo a avenida de casa, saí na janela para ver o que estava acontecendo. Dois quarteirões antes da casa ele começa a buzinar; a mulher e os filhos olham na varanda e quando veem o sujeito, abrem o portão e vão recebê-lo na garagem.  E é sempre esta festa,  toda semana. Admiro a forma como ele é recebido pela família, sinal que sentem a falta dele e que sua presença na casa é muito bem vinda.
Isto sempre me chamou a atenção, e até ontem eu tinha uma admiração por aquela família tão unida e tão carinhosa. Mas ontem foi a gota d’água, o que eles fizeram foi de revoltar a vizinhança. Estou pensando seriamente em linchamento, e acredito que outros vizinhos compartilham da minha vontade.
Eu estava indo dormir, fechando a veneziana, era exatamente meia-noite e meia, nem tão cedo e nem tão tarde, quando pela fresta da janela aquela visão me chamou a atenção; não pude tirar os olhos daquilo.
O carro dos meus vizinhos, o de passeio, não o de trabalho, estava estacionado em frente à casa deles de janelas abertas. Isso mesmo; abertas. Àquela hora da noite, na avenida, não muito movimentada, mas uma avenida de bairro. Dentro estavam os dois, aquele casal de meia-idade que dava origem àquela família feliz. Dividiam o banco do passageiro, que estava reclinado. Pelo balanço do carro, acredito que não estavam dormindo. Percebi outras venezianas semi-abertas como a minha que também observavam aquela cena. Carros desciam e subiam a rua, passando um pouco mais devagar pelo carro deles.
Pela idade dos filhos, devem estar casados há mais ou menos vinte anos. Provavelmente o quarto do casal deve ter uma cama confortável; então por quê? Para mostrar para os vizinhos que além da família feliz são também o casal perfeito? Para mostrar que sempre é tempo de reacender a chama da paixão? Para mostrar que aquele fogo da adolescência não precisa ser apagado?  Ou simplesmente para fazer inveja aos vizinhos, que como eu, passaram a odiá-los pela vontade de fazer o mesmo e não ter coragem?

domingo, 20 de novembro de 2011

Branca de Neve Vampira


Era uma vez uma mocinha muito branca chamada Branca de Neve.  Um dia uma bruxa irônica e debochada lançou um feitiço sobre a doce mocinha:  ela iria ter tudo o que todas as mocinhas desejam, amor, sexo, um dom e uma profissão estável, mas essas coisas jamais aconteceriam juntas em sua vida, o que fatalmente acabaria por causar uma grande frustração e sofrimento, levando a doce Branca de Neve ao desespero.

E foi o que aconteceu. Depois de muita angústia e sofrimento, Branca de Neve resolveu dormir um sono criogênico. Dormiu por sete anos, um sono tranquilo, sem pesadelos e sem emoções. Um dia um som ensurdecedor penetrou-lhe os ouvidos: era a música Alma do Rappa. Branca de Neve então despertou de seu longo sono. Os ferimentos causados pela maldição da bruxa deixaram cicatrizes profundas e Branca de Neve ficou meio torta e meio manca.

Um dia, Branca de Neve caminhava manquitolando pela floresta, acompanhada pelos anões, quando encontrou o Príncipe Encantado. Ele contou a Branca de Neve que ela tinha sido seu grande amor platônico, mas que antes que ele pudesse ter revelado isso a bruxa irônica e debochada lançou sobre ele o mesmo feitiço que havia lançado em Branca de Neve; hoje ele também se encontrava torto e manco.

As anomalias que ambos possuíam os impediam de seguir juntos e Branca de Neve continuou sua caminhada, acompanhada apenas por seus fiéis anões. O encontro entre os dois amaldiçoados pela bruxa causou mutações naquele feitiço tão antigo.

Um belo dia Branca de Neve notou que suas presas estavam mais proeminentes. Já não mancava mais e tinha um andar ereto e imponente. Foi se tornando cada dia mais bela e sentindo uma necessidade insaciável por sangue.

A doce Branca de Neve se transformou em uma temível vampira. Mantinha sua aparência alva e sua feição pura, mas não sofria mais com as consequências do feitiço da bruxa. Sabia que não era possível ter todas as coisas que desejava juntas, mas sua nova condição fazia dela uma predadora obstinada.

Resignada, mantinha seu árduo ofício de faxineira do castelo, mas ao mesmo tempo resolveu mostrar a todas as pessoas que conhecia seus dotes de quituteira de maçãs do amor afrodisíacas. Com o dinheiro que ganhava como diarista do castelo comprava as maças que adoçava com a calda afrodisíaca. Com o tempo suas maças afrodisíacas ficaram conhecidas em todo o reino.

A nova aparência que Branca de Neve Vampira possuía seduzia facilmente os homens que cruzavam o seu caminho. A alva vampira então se aproximava de um homem com intenção de torna-lo seu grande amor, mas seu veneno da vampira fazia com que ele morresse em seus braços. Cansada de sofrer pelos amores perdidos, mas sempre necessitando de sangue, ela passou a aceitar sua nova condição. A bela e poderosa vampira sugava até a última gota do sangue que precisava para viver e deixava com que sua vítima morresse sem ter um pingo de remorso.

A bruxa irônica e debochada, vendo a nova condição de Branca de Neve apareceu para ela e disse: Desisto, não te amaldiçoarei mais, você é pior do que eu.  E assim, a bruxa morreu de inveja e a bela e doce Branca de Neve Vampira viveu feliz para sempre.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Gata Preta e o Lobo Branco

Se tem uma coisa que eu não sou é mística. Ceticismo é meu sobrenome. No entanto, sou uma pessoa que acredita em Deus.

Deus se manifesta de formas inusitadas na nossa vida. A última que Ele me aprontou foi manifestar-Se através de uma fábula na internet.

Coincidências existem sim, mas quando elas servem pra te mostrar que você está cercado por pessoas capazes de te fazer melhor do que você é, isso é a mais pura manifestação de Deus.

Se alguém se interessar em lê-la tá aí: http://veragaspar.deviantart.com/art/A-Gata-Preta-e-o-Lobo-Branco-72365268 Mas com certeza ela não terá o mesmo significado que teve pra mim.

O que quero dizer é: Fique atento! Deus está ao seu lado, e não é dentro da igreja. Basta estar atento! Perceba-O.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Manual de Técnicas de Sedução para Homens Providos de Pouca Inteligência


Todas as mulheres solteiras e boa parte das mal-casadas estão dispostas a ter ou trocar de relacionamento. Tudo depende de sua capacidade de fazê-la acreditar que você é a melhor opção.

Nós mulheres não temos estímulos visuais. Então, se você se preocupa com músculos provavelmente está tentando atrair o olhar de outro homem.

A não ser que você seja realmente do avesso, nós não nos importamos se você não for exatamente um George Clooney, desde que saiba usar os atributos que tem (Atributos NÃO lê-se pinto). Gostamos de sexo bem feito tanto quanto gostamos de gentileza. E não pense que apenas um destes dois itens nos satisfaz.

Chame-nos de “linda”, “cheirosa”, “princesa”, (pelo próprio nome); jamais de gostosa ou delícia (a não ser em momentos de intimidade), senão nós podemos achar que você só quer transar. Mas, se você só quer transar, saiba que jamais conseguirá com uma cantada tão barata.

Nós não gostamos de homem pegajoso, mas detestamos homem desinteressado. Mesmo que não interesse, demonstre interesse, mas não exagere. Interesse demais pode parecer desconfiança.

Seja sensível, tente nos compreender, mesmo que não compreenda. Mas, não exagere. Se sentir vontade de chorar no final daquela comédia romântica, engula. Senão vamos achar que é meio viadinho.

Tenha vaidade, mantenha cabelos e unhas cortados, seja limpinho, se for cheiroso, muito bom, mas, se seu perfume se destacar mais que o nosso, vamos achar que é meio viadinho.

Faça a barba ou não, mas cuide dela. Apare os pelos em excesso, mas se depilar o peito, vamos achar que é meio viadinho.

Fazemos vista grossa para cafajestes, desde que obedeçam essas regrinhas. Sinceridade demais não é demonstração de inteligência. Tenha personalidade, mas em excesso pode beirar a falta de educação.

No campo da sedução, se demonstrar o que quer diretamente, sem gentileza e talvez algum rodeio para despertar o interesse, vai gerar um grande incômodo e será repelido. É como o clitóris, se tocá-lo diretamente, vai gerar um grande incômodo e será repelido. Mas, com um certo rodeio vai nos deixar feliz.

domingo, 23 de outubro de 2011

Inversamente Proporcional

Houve um tempo em que eu não tinha objetivos de vida. Vivia em função dos outros, procurando fazer com que as coisas funcionassem da melhor maneira possível para que o cotidiano se aproximasse da ideia de uma vida feliz. Naquela época tudo era organizado, as mesmas coisas eram sempre feitas da mesma maneira. E assim eu ia mantendo tudo perfeito e agradável para aqueles que conviviam comigo. Inconscientemente eu reproduzia a forma como minha mãe encarava a vida. Eu fazia compras de supermercado uma vez por mês. Minha lista de compras acompanhava a ordem das gôndolas do supermercado, que era sempre o mesmo. As quantidades eram exatas, tudo que eu comprava era suficiente até o final do mês. Não era necessário voltar para comprar nada, porque a rotina da casa era meticulosamente calculada.
Aos poucos fui descobrindo que não havia pecado algum em fazer as coisas para mim mesma. Fui fazendo pequenas conquistas com a desculpa de que aquilo iria melhorar a vida daqueles que estavam a minha volta. Sendo que, aqueles não me davam o menor valor. Então, já não conseguia mais deixar tudo tão meticulosamente calculado. Fazia compras de supermercado de duas em duas semanas e mesmo assim de vez em quando faltava alguma coisa que me fazia ter que ir de emergência ao supermercado.
Hoje descobri que tenho um objetivo de vida só meu. Busco a minha satisfação pessoal sem culpa, tentado realizar meus sonhos.  Quando me lembro de ir ao supermercado, compro coisas que muitas vezes não combinam. Compro o amaciante e esqueço o sabão em pó, compro a carne e esqueço o alho. As vezes não tenho nem o que tomar de café da manhã e tenho que correr na padaria. Apesar da desorganização, estou feliz porque descobri que não há nada de errado em buscar satisfação pessoal. Lembro com tristeza da minha mãe que nunca pensou em si mesma, viveu em função das outras pessoas e morreu com certeza sem realizar seus sonhos, sem nem mesmo ter-se dado o direito de sonhar.

sábado, 22 de outubro de 2011

Amigos Incoerentes - Parte II


Seguindo a mesma linha de raciocínio, ontem comecei a reparar nas minhas próprias atitudes. Outra grande amiga (não é que todos os meus amigos sejam grandes, mas sou abençoada por ter alguns gigantes fazendo parte da minha vida) mudou sua foto no facebook, colocou uma cachorrinha. Chamei-a dizendo: Oh cadelinha, agora você colocou uma foto que tem tudo a ver com você! Ela delicadamente respondeu: Você viu que legal, sua biscate?!

Esta troca de delicadezas demostram sim que a intimidade deixa que as brincadeiras ultrapassem o limite da educação sem que isso se torne uma ofensa.

Esta amiga cadela também gosta demais do meu amigo medroso. Todos os dias nos encontramos no mesmo horário para tomar café, atualizar nossos assuntos (não falamos da vida alheia) e descontrair um pouco dando boas risadas. Quem, por um acaso, presencia nossos quinze minutos de descontração chega a ficar chocado com o excesso de sinceridade e a falta de limite nas palavras.

Enfim, extremamente educados ou extremamente grossos uns com os outros, somos amigos. E amigos são assim, um aceita o outo como ele é, com seus defeitos e suas limitações. Mas que incoerência! Este texto perdeu o sentido. Se amigos se aceitam como são, por que estou analisando minhas relações de amizade?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Amigos Incoerentes


Ontem dei carona a um grande amigo, aquele tipo de pessoa que a gente tem assunto até se ficar conversando por três dias seguidos. Durante os 40 quilômetros que conversamos pude notar que a cada ultrapassagem que eu fazia o assunto morria, pairava um silêncio. Ultrapassagem feita, o assunto retomava. Achei engraçado e perguntei:

_ Você está com medo de andar comigo?

Segurando o puta que pariu ele respondeu:

_ Não, de jeito nenhum, não é a primeira vez que pego carona... (silêncio) (ultrapassagem) ...com você, eu estava só pensando para falar mesmo.

Tenho amigos muito educados.

No mesmo dia, um pouco mais tarde eu conversava com outra grande amiga. Aquele tipo de conversa feminina: amor, sapatos, sexo, bolsas, marido, maquiagem, namorado, dieta, relacionamento, etc. De repente ela me surpreendeu com a seguinte frase:

_ Eu disse uma coisa para Marcinha (minha chará), mas pedi que ela não comentasse com você de jeito nenhum. Nós queremos te apresentar uma pessoa, mas não vamos te contar para te pegar de surpresa, porque temos medo que você fuja que nem diabo da cruz...

Respondi:

_ Então você podia ter comentado isso com qualquer pessoa, menos comigo.

Choramos de tanto rir da incoerência daquela conversa.

Quando nos importamos  realmente com o amigo, policiamos a sinceridade excessiva para não magoar. Sabemos quais atitudes o amigo costuma ter, e se achamos que podemos melhorar sua situação induzimos acontecimentos. No entanto, quando existe reciprocidade e empatia tudo isso é notado, e se for conveniente fica subentendido. Amizade é assim, mesmo que fiquem coisas nas entrelinhas existe uma cumplicidade, ainda que velada.

O mais interessante deste tipo de amizade é que essa incoerência deixa tudo leve e divertido. Ninguém fica ofendido, nem se abala a confiança.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A Desconstrução de uma Teoria


Ontem um amigo me falava sobre um livro escrito por um neurocientista que contradiz a afirmação de Descartes: Penso, logo existo.  De acordo com este autor seria o contrário: Existo, logo penso. Conforme ele me explicava, a capacidade mental responsável pela tomada de decisões depende do bom funcionamento do corpo. Se algo afeta uma parte específica do cérebro responsável pela cognição, isto pode afetar a capacidade de usar a razão na tomada de decisões. As emoções fazem parte da construção da razão. Estas, mal dominadas, podem alterar a performance do raciocínio. Quando a dor surge o cérebro sofre. Mas, somos capazes de usar a razão para dominar os sentimentos e emoções.

Tudo faz sentido neste estudo se considerarmos apenas metade da raça humana. O autor esqueceu de considerar um grande detalhe . Nós, mulheres, durante um determinado período chamado TPM, perdemos toda a nossa capacidade cognitiva. Nossas emoções viram um turbilhão, nos deixamos dominar por todo tipo de sentimentos e perdemos totalmente a razão. Considerando que metade da raça humana é do sexo feminino, podemos então desconstruir a teoria de Descartes e qualquer outra teoria que porventura venha a querer se construir. Mulher não admite teoria. O mais próximo que se pode chegar disso seria: Não penso, logo você cale a sua boca, senão eu choro. Existo porque te amo, mas hoje eu te odeio. Isto seria o mais o mais próximo que podemos chegar para definir teoricamente uma mulher na TPM.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O vazio me incomoda!

Incomoda...mas as vezes é necessário.
Vou passar uns dias sem postar nada - a não ser que eu tenha inspiração pra escrever um novo conto como o anterior.
Apesar de tentar escrever crônicas impessoais, no meu caso, isso é quase impossível - apesar de eu ser bem criativa!
Inspiração não anda me faltando; tenho até demais! Mas, antes que eu acabe magoando pessoas ou que eu venha a me arrepender do que escrevi, vou dar um tempo - uns dias - respirar fundo, escrever minhas ficções, viajar na maionese e tentar ficar feliz.

domingo, 28 de agosto de 2011

A gênese do preconceito é a ignorância

 Todos os domingos pela manhã lá estava ela, quentando-se no sol. Era uma negra tão preta que aquele negrume todo chamava atenção. O rosto sisudo remetia a uma estátua sem expressão; e era de meter medo.  A saia longa e o lenço amarrado na cabeça faziam com que aquela figura tivesse ares do começo do século passado.  
Foi em uma manhã de domingo que tudo aconteceu. Como de costume ela estava lá, em pé na esquina, quentando-se no sol, do lado oposto ao ponto de ônibus. Duas motos subiram a rua; uma Ninja com dois rapazes e uma Harley com apenas um. Estavam entorpecidos por álcool e cocaína, que usaram durante a noite toda de sábado. Eram os estereótipos perfeitos da figura “filhinho de papai soberbo”. Pararam na frente daquela figura nigérrima e o garupa da Ninja desceu. Chamou a mulher de “negra macumbeira do inferno”, deu-lhe uma rasteira que a levou ao chão e cuspiu sobre ela. Os outros dois que continuavam montados em sua ignorância, nem desceram das motos e também cuspiram sobre ela. O garupa também montou em sua ignorância e os três arrancaram dali.

No cruzamento foram surpreendidos por um caminhão Mercedez - desses antigos - que parou bem no meio da rua. Acabaram se chocando com o tal caminhão. Nada grave, mas as motos ficaram danificadas de maneira que não puderam sair dali. Quiseram então puxar briga com o motorista, mas respeitaram aquela figura bruta e sistemática.

A polícia foi chamada, por eles mesmos, para registrar a ocorrência. Afinal, aquele caminhão velho não devia estar ali. Um pequeno aglomerado de pessoas se juntou, tanto para levantar a negra do chão, como para acompanhar a ocorrência de trânsito.

Os três rapazes, nitidamente exaltados, contavam aos policiais que aquele caminhão, simplesmente, atravessou a rua e parou no cruzamento, que ele estava errado e precisava arcar com o prejuízo. Os policiais tentavam registrar a ocorrência, mas os rapazes estavam muito nervosos e confusos.  Eles então disseram: “podem perguntar o que aconteceu, todo mundo aqui viu!”. Mas as pessoas diziam não ter visto absolutamente nada, a não ser os rapazes humilhando a negra.

Apesar da gravidade dos fatos, foram condenados apenas a prestar serviço comunitário em uma favela.

Alguns meses depois, apresentaram-se à ONG que assistia menores em situação de risco na favela. Foram recebidos por um rapaz que ensinava os primeiros acordes musicais àlgumas crianças. Sem saber que tipo de trabalho comunitário os rapazes poderiam fazer, pediu que eles esperassem naquela sala, pois iria consultar o presidente da ONG para saber em que tipo de trabalho podia encaixá-los.

Enquanto aguardavam, os rapazes liam os murais das paredes que contavam a história daquele lugar. Foi fundado por Fela Abachia, que nasceu em uma comunidade pobre da Nigéria. O pai, após fazer o extirpamento do clitóris de Fela, quando ela ainda tinha 9 anos de idade, com um canivete -  situação que fez com que ela tivesse passado perto da morte por infecção – deu a filha em casamento a um comerciante em troca de um pequeno dote. Fela, então com 10 anos, era agredida e explorada pelo homem. Por ainda não ter oficializado o matrimônio, uma Comissão Internacional de Direitos Humanos conseguiu levá-la para um abrigo provisório. Adotada por um casal de americanos, Fela estudou, graduou-se e tornou-se Doutora em Sociologia e Antropologia. Em uma viagem ao Brasil, conheceu a Favela das Pedras, e fundou aquela ONG que ensinava música e informática à crianças da comunidade.

Os três rapazes, todos  estudantes de direito, impressionados com a história de vida de Fela Abachia, ficaram ansiosos para conhecer uma pessoa tão sofrida e tão admirável em sua capacidade de superação. A porta abriu, e Fela, a “negra macumbeira do inferno” veio recebê-los.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Pensando melhor: eu amo minha vida!

Domingo eu estava num velório. Encontrei um amigo, advogado, que fez a minha separação há 13 anos atrás. O corpo ainda não havia chegado e ficamos conversando do lado de fora do velório, dando algumas risadas. Isso é normal em velórios. Ele me contava que estava casado pela segunda vez, e tinha um bebê de seis meses. Dizia: “a vida continua, sempre é tempo de recomeçar”. Me perguntou se eu casei de novo, eu disse que não.

_ Mas você mora com alguém né?

_ Sim, com minha filha.

_ Mas você está sozinha há 13 anos?

_ Sozinha não, só não estou casada. Tenho meus relacionamentos, as vezes estáveis as vezes não.

_ Quando beijar alguém, olhe nos olhos da pessoa.

_ Ah sim, vou me lembrar disso.

Antes que eu olhe nos olhos de alguém, e caia em desgraça eterna, vale a pena pesar os prós e os contras.

Prós:

1 – Não gostaria de envelhecer sozinha;

2 – É bom dormir de conchinha;

3 – É bom fazer sexo com regularidade;

4 – tô pensando... péra aí...

Contras:

 1 – Detesto dar satisfação;

2 – A ideia de alguém, simplesmente achar, que pode mandar em mim é abominável;

3 – Se criticar minha desorganização: morre;

4 – Se for desorganizado: morre também;

5 – Se levantar a voz comigo vai engolir suas palavras;

6 – Meu sono é leve, não acostumo mais com roncos;

7 – Se ele quiser transar e eu não: normal;

8 – Se eu quiser transar e ele não:  vai acabar com a minha autoestima, vou achar que ele não me ama mais, vou achar que ele tem outra, vou ficar muito triste, muito mal humorada, e este  casamento não durará mais meia-hora;

9 – Se eu estiver escrevendo ele deve manter distância, me dar sossego, não abrir a boca, nem olhar o que eu escrevo antes que eu publique; (Afinal, respeito é tudo)

10 – Escuto minha vizinha apanhar do marido, pelo menos, duas vezes por semana; (se fizer isso, vai ser uma vez só)

11 – Gosto de animais, se implicar com os meus cachorros: morre também;

12 – Tenho memória de cachorro vingativo.

Considerando isso, vale a pena lembrar que: vou onde quero, como quero, quando quero e com quem eu quero. Dou satisfação a minha  filha e não durmo fora de casa, pois os cachorros tem que comer pelo menos duas vezes ao dia. Não vou concluir este texto porque isso é desnecessário.

Egoísta? Neurótica? E dái? Eu posso ser eu mesma!

               

domingo, 7 de agosto de 2011

O importante é que emoçoes eu vivi

   Estava assistindo o Marcelo Yuka sendo entrevistado e tive a confirmação de algo que eu já estava desconfiada: Devemos tocar a vida baseada no emocional e não no racional.

Desconsiderando a admiração que tenho pelo artista que ele é... Pensando bem, desconsiderando por quê? Só parei para ouvir as palavras que me serviram de inspiração para este texto porque tenho admiração pela figura dele.  Ele falava justamente de atitudes baseadas no amor.  Todo tipo de amor, entre homem e mulher, entre familiares, entre amigos, enfim... falava do amor que faz com que as pessoas se interessem pela vida das outras, pelos problemas e realidades daqueles que são próximos. Ele não disse exatamente empatia, mas acredito que estava se aproximando deste conceito. Ele falava mais da capacidade de amar do que da capacidade de se colocar no lugar do outro. Falava do amor que precisamos ter para saber compreender o outro.  
Eu sempre autoquestionei minhas atitudes. Achava que o fato de sempre agir guiada pelo coração e não pela razão tinha me tirado oportunidades e me causado problemas.  Cheguei a pensar que tudo podia ter sido muito diferente na minha vida se tivesse tomado atitudes mais racionais. Muitas vezes saí machucada e me decepcionei com as pessoas. Mas, pensando melhor, acho que mesmo assim o saldo ainda foi positivo. Talvez se tivesse sido somente racional não teria tido as oportunidades de ter vivido fortes emoções (com a devida licença de Roberto Carlos). Algumas boas, outras péssimas, mas emoções. (Roberto é que está certo: se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi.)
A vida não precisa ser cor de rosa. Ela é cruel, séria, difícil e injusta, mas também pode ser doce, desinteressada, leve, romântica e passional. De qualquer forma, o que nos difere dos outros animais é nossa capacidade de ter emoções. Então por que nos privarmos desta dádiva evolutiva tentando cada vez mais voltar a nos espelhar nos primatas?

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Implausibilidade

“... a história é uma criação artificial. Nada na vida real é tão claro e organizado, não há verdadeiramente um final, as pontas ficam soltas... vai acontecer algo que não seria possível na vida real. Se você se livrar disso, se substituí-lo por um acontecimento crível, o Ponto de Implausibilidade emergirá em algum outro lugar.” (extraído do livro Oficina de Escritores de Stephen Lock)

Estudando sobre a forma correta de escrever uma história de ficção me deparei com o desafio da implausibilidade. Conforme a teoria, toda ficção tem sua base no implausível. Não necessariamente precisa ser uma ficção científica, uma história de terror, nem um realismo fantástico, basta ser uma história baseada naquilo que se distanciaria um pouco do que seria plausível na realidade cotidiana. Afinal, ficção não é autobiografia. Enfim, esta é a teoria. Mas só se escreve sobre aquilo que se conhece ou o que, pelo menos, imagina-se conhecer. Neste aspecto, fica difícil não colocar pitadas de realidade em uma história de ficção.

Em um dos capítulos da “tragicomédia” que estou escrevendo nas horas vagas me peguei alterando a realidade implausível para uma ficção plausível. Parece confuso, mas vou explicar. O fato narrado da forma como ele realmente aconteceu é tão implausível que fica estranho até mesmo dentro de uma história de ficção. Tive que amenizar os fatos bizarros transformando-os em um pouco mais plausíveis para que não deixassem a ficção com aspecto de insanidade.

Para explicar o motivo deste texto pensei em colocar aqui um parágrafo da ficção implausível. Sem chances. Que graça teria um parágrafo solto de um contexto? Então pensei em narrar a implausível realidade. Sem chances também. Algumas pessoas se identificariam em situações que nunca se deram conta o quanto foram bizarras por coincidirem com outras situações bizarras. Logo, este texto tornou-se completamente sem propósito. Pior que a falta de propósito deste texto é a cara de pau de quem o divulga a amigos que, com certeza, têm coisas melhores para fazer.

Agora você deve estar dizendo: e eu li este texto inteiro...

Desculpe amigo, se você leu é porque sabe que este blog é um treino pra mim. Além disso, seu comentário é muito importante para mim, mesmo que seja pra me mandar a merda!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Óculos

Quando criança, estendendo até a adolescência, eu era muito tímida. Filha única, acostumada a brincar sozinha, nem sempre tinha companhia para um jogo de tabuleiro. Os gibis e os livros de história foram meus grandes companheiros de infância. Diante desse histórico, por tabela, só podia ser a CDF da sala de aula. Tudo isso cerceado de muita insegurança. Além disso, minha mãe me fazia carregar na cabeça um horrendo par de tranças que me faziam parecer um verdadeiro ET.

O tempo passou, graças a Deus! Com autoanálise e um pouco de treino superei boa parte da timidez. Hoje tenho vários amigos que preferem dividir uma mesa de boteco comigo do que uma partida de qualquer jogo de tabuleiro. Continuo gostando de livros e continuo apaixonada por super-heróis. Agora não mais os dos gibis, e sim os dos filmes e seriados de TV. Sou até capaz de ter uma fantasia sexual com Lex Luttor. Só consegui terminar completamente um curso superior após os trinta, bem após... o que demonstra muita imaturidade. Sou apenas um pouquinho mais esperta do que era na adolescência. Hoje uso aquela tal de inteligência emocional. Não uso mais um par de tranças, mas agora, inevitavelmente, uso um par de óculos.

O engraçado é como os óculos estão diretamente ligados à personalidade meio nerd. Nunca os usei na infância, uso agora que me aproximo dos quarenta. Muitas pessoas que fizeram parte da minha infância e da minha adolescência eu reencontrei atualmente no facebook. O engraçado é que várias delas comentaram que se lembravam de mim na escola, sempre quietinha e de óculos.  Interessante... a única coisa perfeita da minha infância era a visão. O uso dos óculos, que nunca existiu, está diretamente ligado àquela personalidade nerd. Quem me conhece bem hoje, sabe que o estereótipo nerd não faz mais parte de mim. No entanto, os óculos... não posso mais viver sem eles.

domingo, 17 de julho de 2011

De novo vou falar sobre ela: a paixão



O que uma mulher procura em um homem? Dizem os psicólogos que o homem procura na mulher a figura da mãe e a mulher procura no homem a figura do pai.

Dias atrás entrei na padaria e encontrei uma amiga que não via a algum tempo acompanhada pela nora. Fiquei feliz em vê-la e perguntei como ela estava. Ela e a nora franziram a fronte e minha amiga me contou, em lágrimas, que o marido havia morrido. Me surpreendi com a sinceridade daquelas lágrimas. Afinal, quantas vezes precisei consolá-la quando aquele traste do falecido tratou-a com uma grosseria sem tamanho, pra dizer o mínimo, entre outras atrocidades que não precisam ser mencionadas. Pensei comigo mesma: “tá chorando por que? Ele era um animal!” Mas suas lágrimas sinceras me deixaram ressabiada.

Outra amiga me contou que, cansada das grosserias do marido, foi procurar um psicólogo, digo, psicóloga. (Não sei se é possível um homem entender uma mulher em virtude do pensamento linear característico do gênero masculino) A psicóloga ouviu pacientemente todas as reclamações, depois indagou: “Você continua com ele porque procura nele a figura de seu pai.” Ela ficou perplexa! A psicóloga então perguntou: “Diga sinceramente, como era seu pai?” Ela respondeu: “Um grosso.” E começou a relembrar que, apesar disso, sua mãe ficou casada com ele por quase cinquenta anos, e hoje, viúva, chora sua ausência. Ela passava por uma crise conjugal naquele momento. Então me disse: “Será possível que um dia ainda vou chorar a ausência do traste do meu marido? Tô pagando pra ver!”

No entanto, a recomendação é: “Cuidado quando pensar em separar-se. Temos uma tendência à repetição. É provável que se ela se separar depois vai arrumar outro grosso”.

Ela me disse que perguntou à psicóloga: "Mas e aquele encanto do começo de namoro, quando ainda estávamos apaixonados?" Esta respondeu: “Se as pessoas se mantivessem apaixonadas por longos anos o mundo pararia. Ninguém faria mais nada. Ainda bem que toda paixão um dia acaba!”  
Ainda estou pensando em tudo isso. Paixão é sinônimo de sofrimento. Isso acontece quando passamos a gostar mais do outro do que de nós mesmos. Mas a paixão quando está diretamente ligada ao amor é essencial. Necessitamos nos apaixonar, seja por pessoas seja por atitudes seja por sonhos, para viver com um mínimo de dignidade. Dignidade sim! A vida sem paixão é pobre de objetivos.

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Não é a minha situação que me traz felicidade, mas a minha resistência."( Pegando emprestado esta frase de Fabrício Carpinejar para descrever um pouco da minha essência)
As vezes nem eu acredito na resistência que tenho! Não sei se é apenas pelo fato de ser mãe ou pelo fato de ser tão-somente "mãe de família". Mato um leão por dia, amo demais, cuido dos mais próximos (ser-humano ou canino), valorizo demais os amigos que tenho e quase quase nunca baqueio. Apenas a hipocrisia e a ganância exacerbada ainda me chocam.
                                                                                            

domingo, 26 de junho de 2011

Deus protege os bêbados, as criancinhas e os distraídos

 

Desde que comecei da dar atenção a minha falta de atenção percebi que Deus deve ter colocado um anjo da guarda, muito bem disposto, de plantão no meu encalço. A cada dia as coisas vão ficando piores. Os episódios são praticamente inexplicáveis. E quanto mais percebo o que passa desapercebido por mim vou ficando mais preocupada.

Tenho uma amiga que tem uma roça num lugar paradisíaco a 20 Km de Campestre. Já fui lá várias vezes; quase sempre com ela junto. Numa determinada ocasião ela me disse que iria na frente e que eu teria que ir sozinha. A explicação era simples: “- mantenha-se sempre na estrada principal, após 20 Km entre à esquerda e pronto; chegou.” E não é que deu certo; cheguei mesmo! Na volta a explicação era o oposto:  ” – Dobre a primeira à direita, logo depois da porteira e siga reto por 20 Km.” Fácil! Entrei no carro, liguei o som, e 10 Km depois me lembrei que não tinha dobrado à direita. Entrei em pânico. Perdida na zona rural, sem sinal de celular, entrei em três fazendas para pedir informação. Não tinha ninguém em nenhuma delas. Começava a escurecer e o pânico foi tomando conta de mim. Quando, de repente, passou uma carro com duas pessoas dentro. Acenei; eles param e perguntei como chegar ao asfalto. Uns 15 Km depois da explicação, enfim, comecei a ver as luzes da cidade. Já era noite. Guardei este episódio em segredo durante meses.  - Como eu pude esquecer de virar a direita logo no começo? Inexplicável.

O caso mais terrível de todos talvez tenha sido o da ponte pênsil de Santos. Eu voltava de Praia Grande para Santos, de noite e sozinha. Peguei um desvio. (Não sabia que desvios foram feitos para serem desviados.) Já tinha notado que aquela estrada estava muito vazia para um feriado. Onde estavam as pessoas? Peguei a ponte. Sozinha. Não havia mais nenhum carro no mesmo sentido que eu. Então o sinal da ponte abriu para o sentido contrário. E eu estava no meio da ponte. Todos os carros do mundo começaram a vir na minha direção, em uma ponte que não cabe dois carros um ao lado do outro. Pânico total! Joguei duas rodas no pequeno passei que tem na ponte e fui. Rezando. Quando cheguei no fim da ponte parei o carro num posto policial onde não havia uma alma viva e, com  a grande possibilidade de ser assaltada, desci do carro e chorei, chorei muito. Inicialmente achei que tivesse sido um erro de quem controla o semáforo da ponte. Pelo menos é o que eu contei para as pessoas. Mas, no fundo no fundo, eu sei que alguma distração havia ali. Por que só eu peguei o maldito desvio e fui parar na Ponte? Onde estavam os outros carros? …Mistério…puro mistério!

Contramão em ruas conhecidas, inclusive centrais, e catalogação de buracos já são coisas naturais do meio dia-a-dia. Meus amigos não estranham mais, apenas rezam por  mim quando estou sozinha e por eles quando estão comigo. Ontem de noite, voltando de Aguaí, paramos na rodoviária de Águas da Prata para fazer xixi. Uma rodoviária minúscula, diga-se de passagem. Contornando a rodoviária para pegar novamente a estrada me deparei de frente com um ônibus do Cometa. Voltei de ré! - O que será que passou pela cabeça daquele motorista? Melhor nem saber…

sábado, 18 de junho de 2011

Paixão às avessas

Em uma palestra recente Frei Beto disse que nunca teria se tornado um escritor se não fosse pelos anos que passou preso, que devia sua carreira aos Coronéis da ditadura. Não me esqueci de quando ele disse: “você pode ser um executivo de sucesso, um ótimo engenheiro, ser muito bem sucedido na carreira que escolheu, mas se mesmo com esse sucesso você ainda sentir um vazio, o vazio da arte, aquele que só será preenchido quando expuser a sua arte, (no caso dele, só quando saciar a vontade de escrever) mesmo que isso seja só um desejo;  então você é um escritor”. Estas palavras ficaram retumbando na minha mente. Ouvi também outros escritores dizerem que um bom ficcionista alimenta suas ideias em tragédias pessoais.
Tenho um projeto em andamento romanceando tragédias pessoais, transformando-as quase em comédia.  E o que é pior, baseada em fatos reais.  Como forma de não abandonar este projeto que é o preenchimento do meu vazio, decidi então escrever com certa regularidade. Não só aproveitando os momentos de inspiração como exercitando a escrita tentado colorir ideias em branco e preto.
Tudo ia muito bem, até que nos últimos quinze dias fui perdendo a regularidade. O compromisso que tinha comigo mesma de escrever pelo menos uma crônica por semana foi ficando atrasado. Meu projeto estava parado. Isto porque uma pessoa havia aparecido na minha vida me fazendo ocupar o tempo em que eu escrevia com romance. Uma história que nasceu despretensiosa, mas que foi tomando uma velocidade acelerada. Quando me deixei envolver totalmente pelo perfume do que seria uma eventual paixão... aconteceu: um inesperado pé na bunda.
Seria trágico, se eu não tivesse o transformado em cômico. Mas que merda! Não sei por que eu faço isso.
Saí com uma amiga para contar a minha tragédia pessoal. (Esta amiga tem um relacionamento muito estável com um rapaz que mora em Belo Horizonte. Eles não se veem com tanto frequência, e toda vez que o namorado dela vem eu estou com uma pessoa diferente, que eu juro que é o amor da minha vida. Agora estou começando a ficar sem graça.) Acabei contando coisas muito mais íntimas. Contei sobre os meus sonhos e mostrei a ela  meus esboços. Foi uma nudez espiritual! Mas o fato é que acabei deixando o pé na bunda de lado para falar apaixonadamente sobre meu desejo de escrever e do quanto eu estava deixando isto de lado.
 Foi quando ela me perguntou: - você não pensa em ter um relacionamento estável nunca? Parei para pensar... “Sim, adoraria ter uma pessoa do meu lado e dá-la amor eterno.” Mas isso não acontece na minha vida. E eu me divirto com minhas tragédias pessoais. Eu sei sim qual é o caminho para a estabilidade, mas eu fujo dele e não consigo entender por quê. Estou começando a achar que procuro encrenca como forma de inspiração.
Mas que merda! Transformo minhas tragédias em ideias apaixonadas. Quando falo delas meu olhos brilham, meu coração acelera, se alguém me der corda falo pelos cotovelos sobre elas, as minhas paixões: as ideias.
Pode parecer que não sofro nunca, mas não é verdade. Faço ironia das minhas tragédias pessoais e continuo andando na contramão atrás de mais tragédias. Inspiração autodestrutiva ou espírito de escritor?

sábado, 28 de maio de 2011

O porquê de Bruno Mars estar na lista das pessoas mais influentes do mundo…

Oh her eyes, her eyes (Oh os olhos dela, os olhos dela)
Make the stars look like they're not shining (Faz as estrelas parecerem não ter brilho)
Her hair, her hair (O cabelo dela, o cabelo dela)
Falls perfectly without her trying (Caem perfeitamente sem ela fazer nada)
She's so beautiful (Ela é tão bonita)
And I tell her every day (E eu digo isso a ela todo dia)                                                                             
Colegas...casadas, solteiras, noivas, com namorado, enfim...mulheres me digam: Vocês conhecem algum homem assim?
Considerando que metade da população mundial é composta de mulheres, aí está a explicação para Bruno Mars estar entre as pessoas mais influentes do mundo. Que mulher não gostaria de ouvir estas palavras? Mesmo sabendo não serem sinceras.
When I compliment her (Quando eu a elogio)
She won't believe me (Ela não acredita)
And it's so, it's so (E isso é tão, isso é tão)
Sad to think she don't see what I see (Triste por achar que ela não vê o que eu vejo)
But every time she asks me do I look okay (Mas sempre que ela me pergunta se está bem - bonita)
I say (Eu digo)
Deus, onde está este homem?
E dá pra acreditar num sujeito que exagera deste jeito? Mas é tudo que nós mulheres queremos.  O problema é que a grande maioria dos homens não possui sensibilidade suficiente para este tipo de elogio.  Já os canalhas...Não que eles tenham sensibilidade, mas têm esperteza para usar este artifício.
Em tese, mulher não gosta de homem canalha.  Mulher feliz é mulher iludida. Na falta de um elogio compramos o disco do Bruno Mars.

domingo, 22 de maio de 2011

A morte da paixão

Quando se está apaixonada de verdade tudo no outro nos agrada. As imperfeições mais imperdoáveis passam despercebidas. Os defeitos mais escabrosos ficam engraçadinhos.  A  tolerância fica elástica. Fazemos papéis ridículos como chamar o outro de “xuxuzinho”, “neném”, “buzuzuco”, e coisas até piores...
O problema é que toda paixão tem prazo de validade. Alguns meses bastam para que ela se desgaste, e aí a bendita tolerância vai acabando. Não resistimos e começamos a apontar os defeitos do outro que nos incomodam.  É...aproxima-se então do final do prazo de validade da paixão.
Tenho uma amiga especialista em se apaixonar. Ela é atraente e sedutora, atrai os homens com facilidade, apaixona-se perdidamente com uma rapidez inacreditável e dispensa o sujeito diante da menor imperfeição. Depois fica se lamentando por ter tomado uma atitude precipitada. Tão precipitada quanto a última paixão.
Mas será que vale a pena investir e ter paciência se sabemos muito bem que homens não mudam? Com o tempo até pioram um pouquinho. Aí, quando olho um casal que tenha um  relacionamento sólido de muitos anos, dá uma inveja... Mas como ter um relacionamento assim diante de tanta intolerância?
Tenho outra amiga casada há muitos anos. As vezes penso: por que eu não tenho um companheiro assim?  Mas quando ele começa a colocar defeito nas roupas dela, come e deixa o prato sujo no braço do sofá ou levanta a voz com ela, fico feliz por não ter uma criatura dessas em casa.
Nós, as separadas ou solteiras por opção, somos intolerantes demais ou aquelas que suportam grosserias dos maridos são pacíficas demais? E qual das opções vale mais a pena? O ideal seria um meio termo.
Para conviver com quem quer que seja é preciso tolerar as coisas do outro que nos incomodam. Se houver respeito e educação mais da metade do problema está resolvido. A outra metade fica por conta da paixão que nos cega. Só que uma hora a paixão acaba. Para o momento que isso acontecer precisa nascer o amor. Ele é como a fecundação. É a fusão do cromossomo da morte da paixão com o cromossomo do respeito e da educação.