Desde que comecei da dar atenção a minha falta de atenção percebi que Deus deve ter colocado um anjo da guarda, muito bem disposto, de plantão no meu encalço. A cada dia as coisas vão ficando piores. Os episódios são praticamente inexplicáveis. E quanto mais percebo o que passa desapercebido por mim vou ficando mais preocupada.
Tenho uma amiga que tem uma roça num lugar paradisíaco a 20 Km de Campestre. Já fui lá várias vezes; quase sempre com ela junto. Numa determinada ocasião ela me disse que iria na frente e que eu teria que ir sozinha. A explicação era simples: “- mantenha-se sempre na estrada principal, após 20 Km entre à esquerda e pronto; chegou.” E não é que deu certo; cheguei mesmo! Na volta a explicação era o oposto: ” – Dobre a primeira à direita, logo depois da porteira e siga reto por 20 Km.” Fácil! Entrei no carro, liguei o som, e 10 Km depois me lembrei que não tinha dobrado à direita. Entrei em pânico. Perdida na zona rural, sem sinal de celular, entrei em três fazendas para pedir informação. Não tinha ninguém em nenhuma delas. Começava a escurecer e o pânico foi tomando conta de mim. Quando, de repente, passou uma carro com duas pessoas dentro. Acenei; eles param e perguntei como chegar ao asfalto. Uns 15 Km depois da explicação, enfim, comecei a ver as luzes da cidade. Já era noite. Guardei este episódio em segredo durante meses. - Como eu pude esquecer de virar a direita logo no começo? Inexplicável.
O caso mais terrível de todos talvez tenha sido o da ponte pênsil de Santos. Eu voltava de Praia Grande para Santos, de noite e sozinha. Peguei um desvio. (Não sabia que desvios foram feitos para serem desviados.) Já tinha notado que aquela estrada estava muito vazia para um feriado. Onde estavam as pessoas? Peguei a ponte. Sozinha. Não havia mais nenhum carro no mesmo sentido que eu. Então o sinal da ponte abriu para o sentido contrário. E eu estava no meio da ponte. Todos os carros do mundo começaram a vir na minha direção, em uma ponte que não cabe dois carros um ao lado do outro. Pânico total! Joguei duas rodas no pequeno passei que tem na ponte e fui. Rezando. Quando cheguei no fim da ponte parei o carro num posto policial onde não havia uma alma viva e, com a grande possibilidade de ser assaltada, desci do carro e chorei, chorei muito. Inicialmente achei que tivesse sido um erro de quem controla o semáforo da ponte. Pelo menos é o que eu contei para as pessoas. Mas, no fundo no fundo, eu sei que alguma distração havia ali. Por que só eu peguei o maldito desvio e fui parar na Ponte? Onde estavam os outros carros? …Mistério…puro mistério!
Contramão em ruas conhecidas, inclusive centrais, e catalogação de buracos já são coisas naturais do meio dia-a-dia. Meus amigos não estranham mais, apenas rezam por mim quando estou sozinha e por eles quando estão comigo. Ontem de noite, voltando de Aguaí, paramos na rodoviária de Águas da Prata para fazer xixi. Uma rodoviária minúscula, diga-se de passagem. Contornando a rodoviária para pegar novamente a estrada me deparei de frente com um ônibus do Cometa. Voltei de ré! - O que será que passou pela cabeça daquele motorista? Melhor nem saber…