sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A REFORMA

Andei abandonando meus blogs e minhas leituras para me dedicar integralmente à porra nenhuma. Estou sempre com pressa, nunca tenho tempo pra nada e também não tenho feito nada de produtivo. De seis meses pra cá, desde que comecei a trabalhar em Poços, deixei de perder pelo menos duas horas diárias no trânsito. Eu sempre desejei ter mais tempo para escrever meus textos e concluir alguns projetos. Então fiz mil planos de como ocupar essas duas horas que sobrariam, mas não entendo onde desperdicei tempo tão precioso.

O fato é que a criatividade sumiu. As idéias que antes brotavam a qualquer hora me fazendo andar com gravador à mão dentro do carro e bloco de notas na cabeceira da cama, simplesmente desapareceram. Foi a segunda vez que passei por um período de vazio criativo; branco total radiante.


Também comecei a ficar insatisfeita com a minha casa e resolvi fazer alguns reparos. Fui descobrindo que a casa necessitava de muito mais que pequenos reparos, então tomei coragem e iniciei uma grande reforma, daquelas de derrubar paredes.

Comecei a ficar insatisfeita comigo mesma. Além da criatividade ter sumido, parecia que tudo estava fora do prumo. Minha aparência não agradava, minha vida afetiva não agradava, minhas ideias não agradavam. Parecia que tudo estava ruim. Então coloquei na cabeça que aquele tempo em que minha casa estivesse em reforma seria o mesmo que eu precisaria para colocar minha cabeça em ordem.

O período de reforma da casa foi muito difícil. Ficamos meses sem cozinha, aguentando uma poeira sem fim. Era como se estivéssemos acampadas dentro de casa. Neste período também não escrevi nada, li muito pouco e as coisas pareciam que não se encaixavam na minha vida.

Não sei se é apenas um fator psicológico, mas o fato é que com o fim da reforma da casa parece que também chegou ao fim um período de reforma do “eu”. Acordo cedo com disposição para arrumar a casa, colocar os quadros nas paredes, voltar as plantas para dentro de casa, redefinir o lugar das cortinas. Depois saio para correr, vou na academia, cuido melhor das roupas, da aparência, me sinto mais segura. Nem tudo está no prumo, mas sinto uma disposição imensa para mudar o que precisa ser mudado. E ... de prêmio, estou com uma vontade incontrolável de escrever.

A vida é feita de altos e baixos. Quando alcançamos o topo da primeira montanha esquecemos que temos que descer e escalar novamente para alcançar o topo da segunda. Descidas e novas escaladas são dolorosas, mas necessárias. São os períodos onde temos que fazer avaliações e, se necessário, fazer reformas para iniciar uma nova subida com mais disposição. Tudo fica gasto com o tempo. E, assim como precisamos trocar o piso, derrubar paredes, fazer retoques na pintura, também precisamos parar, pensar, reavaliar, tomar fôlego, renovar a aparência, renovar as ideias, tomar coragem, e seguir em frente; reformados. 

terça-feira, 30 de julho de 2013

Telefone e internet não se misturam


Certas tecnologias da vida moderna nunca me seduziram, muito pelo contrário, me irritam mortalmente. E já deixei isto bem claro neste blog quando escrevi “Quem pegar o celular paga a conta”; diga-se de passagem, uma ideia genial. Além disso, nunca entendi o que passou na cabeça de Steve Jobs quando resolveu misturar telefone com internet. Para mim telefone é uma invenção espetacular que serve apenas para falar. E como nós mulheres gostamos de falar ao telefone!

O meu espetacular plano de celular me permite falar com metade das minhas amigas de graça, o tempo todo pelo tempo que eu quiser. Para a outra metade das amigas tenho alguns minutos de bônus e quando eles acabam pago uma tarifa bem baratinha, o que me permite fazer uma das coisas que nós mulheres adoramos: falar, e falar muito. E eu uso adequadamente tudo o que meu plano me proporciona. (Ah se não fosse este plano...eu estaria falida...mas duvido muito que estivesse muda)

Então, cada coisa com a sua função: telefone é pra falar; computador e tablet para navegar na internet. Juntar os dois pra quê, se funcionam tão bem separados?

E eu tentei propagar esta minha ideia, mas sem muito sucesso. Minha filha sempre teve vontade de ter um smartphone, mas eu dizia: “Para quê, se você tem computador, tablet e telefone? E além disso, você pode falar de graça comigo pelo tempo que quiser!” (O martírio de todo adolescente: ter uma mãe que fala de graça. Pra eles o ideal seria se ligações da mãe custassem R$ 500,00 o minuto. Mas nós mães nunca enxergamos isso.)

Um belo dia, o maldito telefone que fala de graça com a mamãe aqui caiu no chão e se espatifou. Depois de muita insistência ela me convenceu a comprar um smartphone. Pesquisei várias marcas e modelos e resolvi comprar um para ela. Acabei comprando um para mim, mas já fiquei mal humorada só de pensar o tempo que iria perder tendo que aprender toda aquela tecnologia que tanto fiz questão de fugir.



Só sei que foi assim... Fui mexendo, o tempo foi passando, fui mexendo, tava mais fácil do que imaginava, fui mexendo, entrei na internet, fui mexendo, entrei no facebook, continuo mexendo e já não tenho mais certeza se minha teoria de que internet e telefone não se misturam está correta. Mas quem tirar o celular do centro da mesa paga a conta! Espero que não seja eu.

domingo, 30 de junho de 2013

Memórias

Ontem, num momento muito alegre e especial na roda de samba, meus amigos tocaram Folhas Secas, de Nelson Cavaquinho. Apesar da melodia quase triste, a letra é uma exaltação às memórias alegres que o autor tinha de sua juventude, da escola de samba e do morro da Mangueira. No meio da conversa animada, dois amigos falavam do samba do Rio de Janeiro e de um grupo chamado Sururu na Roda que haviam visto tocar.

Coincidentemente, hoje pela manhã, como  em todos os domingos, liguei a TV para assistir ao programa Sr. Brasil, do Rolando Boldrin e lá estava o Grupo Sururu na Roda, cantando Folhas Secas. Foi nesse momento que uma memória muito antiga da minha infância invadiu a minha cabeça. Me vi deitada no cantinho da cama da minha mãe, fingindo dormir enquanto ela assistia ao Fantástico tomando Coca-Cola, como fazia todos os domingos à noite. Folhas Secas tocava na TV e minha mãe cantava junto, demonstrando gostar demais daquela música. Talvez esta lembrança tenha marcado tanto minha memória de infância porque eu nunca tinha visto minha mãe ouvir música, muito menos cantar. 

Ela era uma pessoa muito fechada, acredito que trazia consigo uma tristeza muito grande, provavelmente causada pela viuvez tão prematura. Claro que eu era muito pequena para identificar a música, mas aquilo tinha sido tão marcante que anos depois eu pude reconhecer a melodia pela lembrança dela cantando. Coisa que ela jamais faria se tivesse percebido que eu estava acordada.  

Depois de tantos anos, acho que hoje compreendi que ela tinha sim uma alegria muito grande no coração, mas que os percalços da vida fizeram dela uma pessoa triste. E, a partir disso, compreendi quase tudo que esteve fora do compasso.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Como as coisas deveriam ser e como as coisas realmente são

Você quer conquistar uma mulher: trate-a bem;
Você quer conquistar um homem: trate-o mal.

Mulheres gostam de gentilezas;
Homens gostam de desafios.

O sonho de toda mulher é que o cara veja a mulher por trás da mulher. Nós nunca entregamos o jogo logo de cara, queremos que os homens percebam as intenções por trás das intenções. O problema é que os homens são criaturas rústicas. A grande maioria é desprovida dos mínimos níveis de sensibilidade. Para eles tudo tem que ser simples e claro. Jamais vão tentar ler nas entrelinhas; até porque eles não percebem nem mesmo a existência das linhas.

Então como dois seres tão diferentes vivem a procurar uns pelos outros?


Não me venha com essa história de “os opostos se atraem”. Os opostos brigam. Os minimamente maleáveis é que se dão a chance de se atrair. A natureza faz o resto.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Vontade de Sentir Saudade

Hoje eu senti uma vontade imensa do sentimento de nostalgia. Então tentei relembrar nossos momentos bons. Na biblioteca do computador tentei encontrar a nossa música. Entre tantos aromas da perfumaria tentei encontrar o seu. Procurei seu sorriso entre as minhas lembranças. Tentei pensar o que você pensava quando foi escolher aquele presente para mim. Tentei lembrar de que cor eram as rosas que você me deu. Procurei na memória os momentos de paz vividos ao seu lado. Qual havia sido o motivo da última crise de gargalhadas?
 
Aos poucos a vontade de sentir saudade foi se dissipando. Procurei lembrar daqueles bons momentos que ficam guardados na memória para sempre, mas não os encontrei. Eu não encontrei a nossa música porque nunca tivemos uma. Seu cheiro nunca foi marcante o suficiente para que minha memória conseguisse fazer algum registro olfativo. Também não me lembro do seu sorriso. Acho que você não fazia isso com muita frequência. Também não consegui imaginar o que você pensava ao escolher um presente para mim, porque você nunca me deu um presente, sequer uma modesta flor. Então procurei alento nas memórias daqueles momentos de paz vividos ao seu lado, mas os conflitos e brigas encobriram por completo qualquer tipo de lembrança pacífica. Será que um dia existiu algum motivo para rir? Queria muito ter vontade de sentir saudade, mas você não deixou motivos suficientes.



quinta-feira, 11 de abril de 2013

Desaniversário


Eu nunca gostei de fazer aniversário. Nada a ver com o fator idade. Tenho 40 anos, tinha 39 ano passado e farei 41 mês que vem. Não uso botox e minha idade está estampada na minha carteira de identidade, nos meus pés de galinha e no meu bigode chinês. Definitivamente não tenho problemas com a idade, mas tenho problemas com aniversários.

Me diga, para que festa de aniversário depois que você ultrapassou os 10 anos de idade?

Comemore com os amigos suas conquistas e suas alegrias à qualquer dia, não precisa ser no dia que você nasceu. E se no dia do seu aniversário você acordou de mau humor, tomou uma fechada no trânsito, o almoço foi indigesto e te deu asia, você está menstruada e com cólicas? Vai ter que fazer cara de feliz na festa de aniversário? Chato...muito chato.

Agora, mais chato que fazer aniversário é receber parabéns e felicidades quando simplesmente nem é seu aniversário. Demonstra que seu amigo é tão pouco interessado em você que nem teve o cuidado de se certificar da data.

Agradeço as mensagens recebidas e desejo para você, em dobro, tudo de bom que realmente desejou a mim.

P.S.: Não é praga de cigana não!!!

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Pegou o celular paga a conta


Nada mais sociável do que sentar no bar com amigos, certo? 

Mas, e se nesse momento de descontração seus amigos estiverem olhando para seus próprios celulares e interagindo nas redes sociais?

Bom, então estão gastando tempo e cerveja à toa. Melhor seria ficar em casa e socializar pela net.

Além de irritante, acho isso extremamente grosseiro com o trouxa que está te fazendo companhia na mesa do bar.

Minha filha então veio com uma ideia que achei genial: quando ela e seus amigos vão para um barzinho, colocam todos os celulares no centro da mesa, quem pegar o celular para navegar paga a conta.

sábado, 30 de março de 2013

UM ABRAÇO


Tenho uma amiga de Campestre que eu admiro pelo jeito como ela é.  Só pra dar um exemplo, um dia eu estava na casa dela e ela me convidou para o jantar. Foi no quintal, matou uma galinha e, daí a pouco, jantamos uma espetacular galinha caipira. Acho que mesmo se eu estivesse sem comer há um mês não conseguiria matar uma galinha. Algumas pessoas têm habilidades e disposições que outras não têm. Fato. Esta é a Célia. Ela faz certas coisas parecerem muito fáceis.


No começo dessa semana encontrei com a filha dela na rua. Ela estava falando ao celular com a mãe. Pedi para dar uma palavrinha – não falava com ela há algum tempo. Ela então me disse que havia tido um câncer de mama – detectado há 3 anos - havia feito algumas cirurgias, quimioterapia e agora estava voltando a trabalhar. Com a Graça de Deus estava curada.

Fiquei chocada pelo fato de não ter ficado sabendo de nada. Numa cidade onde todo mundo fala da vida de todo mundo, onde as línguas dos fofoqueiros a mataram três vezes – conforme ela me contou – como eu pude não ter sabido?

Hoje fui até a casa dela para fazer uma visita. Conversamos muito e conversamos muito pouco. Quando saí ela me deu um abraço. Um abraço sincero de amiga. Aquele abraço que  vem com uma mensagem simples implícita: eu gosto de você. Um abraço que me fez pensar que se ela tivesse morrido e eu não tivesse podido abraça-la, este pequeno ato teria feito muita falta. Ainda bem que recebi este abraço hoje. 

A partir de agora vou mudar a forma como venho publicando neste blog.  Ao invés de esperar vir a inspiração para escrever uma crônica, vou comentar pequenos acontecimentos diários. Isto porque nem sempre tenho inspiração para escrever, e as vezes, quero muito comentar determinado assunto, mas não tenho tempo para coloca-lo dentro de uma crônica.  

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O Moralmente Incorreto


Nunca ouvi ninguém usar este termo “moralmente incorreto” antes, mas achei perfeito para definir relações afetivas doentias. Então passei a esbanjar esta expressão.
Na minha rotina de trabalho acabo tendo contato direto com mulheres que sofrem violência doméstica. Só no mês de janeiro, em Campestre, foram sessenta pedidos de medidas protetivas. (Você que está lendo isso, tem noção de que Campestre tem menos de 20.000 habitantes? E que, provavelmente, metade sejam mulheres.) Ao fazer o cadastro do caso, coloco o tipo de violência sofrida:  física, psicológica, moral e financeira. Normalmente os casos são de ameaça e lesões corporais, que são enquadrados como violência psicológica e física. Acho que nunca cheguei a assinalar violência moral para nenhum caso.

Ninguém assume que recebeu violência moral. Talvez porque as mulheres tenham um conceito de afeto meio distorcido (Me incluo entre essas). Muitas mulheres apanham reiteradamente de seus companheiros. A falta de amor próprio, a dependência econômica e a dependência afetiva são fatores que fazem com que estas mulheres não deixem seus companheiros nem busquem denunciá-los a justiça. As agressões vão se tornando piores, chegando até mesmo a casos mais graves como homicídio.

Mas o que quero destacar entre essas formas de agressão é a violência moral. Quantas mulheres sofrem humilhações, torturas psicológicas, são tratadas aos gritos por seus companheiros, presenciam quebradeiras, etc. Seus companheiros ainda batem no peito e dizem: “Mas eu nunca encostei a mão em você!” Como se esta violência moral ainda fosse um mérito do macho.

O grande problema é que as mulheres têm uma natureza afetiva esquisitíssima. Nem Freud, nem Darwin, nem Santo Antônio conseguem explicar. Elas se envolvem em relações doentias, têm plena consciência de que seu companheiro não está acrescentando nada em sua vida, vivem situações dolorosas, sofrem, mas têm uma dependência afetiva inexplicável por esses machos, que as impede de dar fim definitivamente a estas relações. Isso é o que chamo de situação moralmente incorreta.  Elas sabem que aquele relacionamento é negativo, mas uma força insana as mantêm ligadas afetivamente ao macho moralmente agressor.


Durante algum tempo identifiquei situações moralmente incorretas vividas por mulheres muito próximas e desconsiderei totalmente situações moralmente incorretas vividas por mim. Ao escrever isto, identifico esta característica genética predominante nas fêmeas dos humanos e me esforço para que meus genes moralmente fracos sofram uma mutação no sentido de começar a conscientizar outras fêmeas, e transformar nossos genes moralmente fracos e ainda dominantes em recessivos.

De acordo com meu amigo Charles Darwin, e sua teoria da seleção natural, os mais fortes sofrem mutações para preservar a espécie. Logo, precisamos considerar a gravidade das situações vividas por grande parte das mulheres e mostrar que temos livre arbítrio. - Vamos lá mulheres ! Chega de violência moral. Dependência afetiva é burrice. Vamos girar a roleta e fazer a fila andar. Se temos poder de escolha, nada de aceitar situações moralmente incorretas. 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Segundas Oportunidades


Ano passado, vi aquele ambulante na Praça da Independência e resolvi coloca-lo como personagem chave de uma das minhas histórias. Tinha acabado de montar a trama na minha cabeça. Escreveria assim que pudesse ter paz para organizar as ideias e passá-las para o papel. Um ano depois me vi na mesma Praça anotando novamente o nome do ambulante cego, o qual eu já tinha me esquecido.

A impressão que eu tenho é de estar retomando as coisas do ponto onde pararam. Como se eu estivesse ficado um ano congelada em sono criogênico. Então, com a precisão de um relógio suíço, despertei no mesmo local onde deveria ter estado um ano antes, com as mesmas pessoas com quem eu havia furado uma ano antes, tomando a cerveja que já deveria ter esquentado por ficar me esperando exatos 365 dias.

O impressionante é que tudo estava exatamente como eu tinha deixado. A história estava parada no mesmo capítulo, as pessoas continuavam me esperando no mesmo lugar e a cerveja ainda estava gelada. Parecia que Deus havia me dado a oportunidade de retomar a vida exatamente de onde eu tinha parado em 2012. Se os acontecimentos tivessem ficado por aí já seria motivo para chamar a atenção para o fenômeno que estava acontecendo; mas não. Foi uma sucessão de acontecimentos que estão mudando radicalmente o rumo da minha vida. Como se em 2012 tivesse realmente acontecido o fim de um mundo e 2013 estivesse nascendo novo, todo modificado. Todas as áreas que compõem a minha vida foram alteradas para melhor. Como se Deus tivesse me dado a oportunidade mágica de voltar no tempo e corrigir as coisas erradas, dando-me acontecimentos iguais de presente, um atrás do outro, numa sucessão de correções.

Quando disseram que o fim do Calendário Maia não significava o fim do mundo, mas o começo de uma nova era, não botei fé nisso. Sou muito cética com relação à coisas exotéricas. Mas o fato é que a minha vida virou de cabeça para baixo. Ou será que agora é que ela está de cabeça para cima?  Como boa mineira, ainda estou olhando de esgueio para minha própria vida, meio desconfiada. O interessante é que, mesmo cética, tenho uma certeza interior de que as mudanças estão apenas no começo. Uai, bão tamém!