domingo, 11 de novembro de 2012

Amanhã


Como dizia minha mãe: Nada como um dia após o outro com uma noite espremida no meio.

Pode ser. O tempo passa e cicatriza feridas, faz a raiva amenizar, amolece corações endurecidos. Um momento irracional agora, pode ser pensado e pesado, e, deixado para amanhã, pode tornar-se racional.

Mas será mesmo que se pode deixar tudo para ser resolvido de maneira mais acertada amanhã?

Magoar alguém é como um corte que sangra. É preciso fazer algo para estancar a hemorragia, e é preciso que se faça o mais rápido possível. Assim como o sangue se esvai de um machucado, a mágoa mina pelo coração. Sim, ficam cicatrizes dos cortes feitos pela mágoa. Mas nem todos os ferimentos tem a chance de se tornarem cicatrizes. Alguns, causados principalmente por uma língua ferina, minam de tal forma e com tamanha rapidez, que o dia seguinte pode ser tarde demais.

Reconhecer um erro e pedir perdão é um remédio que deve ser ministrado o mais rápido possível.  Deve-se aplicar vestido de coragem e despido de orgulho. Faz bem para ambas as almas e evita cicatrizes profundas.

Amanhã...

Quando se tem a consciência da fragilidade humana, nada pode ser deixado para amanhã.

Amanhã cura? Mas nem sempre amanhece.