Tenho uma amiga de
Campestre que eu admiro pelo jeito como ela é.
Só pra dar um exemplo, um dia eu estava na casa dela e ela me convidou
para o jantar. Foi no quintal, matou uma galinha e, daí a pouco, jantamos uma
espetacular galinha caipira. Acho que mesmo se eu estivesse sem comer há um mês
não conseguiria matar uma galinha. Algumas pessoas têm habilidades e disposições
que outras não têm. Fato. Esta é a Célia. Ela faz certas coisas parecerem muito fáceis.
No começo dessa semana encontrei com a filha dela na rua.
Ela estava falando ao celular com a mãe. Pedi para dar uma palavrinha – não falava
com ela há algum tempo. Ela então me disse que havia tido um câncer de mama –
detectado há 3 anos - havia feito algumas cirurgias, quimioterapia e agora
estava voltando a trabalhar. Com a Graça de Deus estava curada.
Fiquei chocada pelo fato de não ter ficado sabendo de nada.
Numa cidade onde todo mundo fala da vida de todo mundo, onde as línguas dos
fofoqueiros a mataram três vezes – conforme ela me contou – como eu pude não
ter sabido?
Hoje fui até a casa dela para fazer uma visita. Conversamos
muito e conversamos muito pouco. Quando saí ela me deu um abraço. Um abraço
sincero de amiga. Aquele abraço que vem com uma mensagem simples implícita: eu gosto de você. Um abraço que me fez pensar que se ela tivesse morrido e eu
não tivesse podido abraça-la, este pequeno ato teria feito muita falta. Ainda
bem que recebi este abraço hoje.