Ano passado, vi aquele ambulante
na Praça da Independência e resolvi coloca-lo como personagem chave de uma das
minhas histórias. Tinha acabado de montar a trama na minha cabeça. Escreveria
assim que pudesse ter paz para organizar as ideias e passá-las para o papel. Um
ano depois me vi na mesma Praça anotando novamente o nome do ambulante cego, o
qual eu já tinha me esquecido.
A impressão que eu tenho é de
estar retomando as coisas do ponto onde pararam. Como se eu estivesse ficado um
ano congelada em sono criogênico. Então, com a precisão de um relógio suíço,
despertei no mesmo local onde deveria ter estado um ano antes, com as mesmas
pessoas com quem eu havia furado uma ano antes, tomando a cerveja que já deveria
ter esquentado por ficar me esperando exatos 365 dias.
O impressionante é que tudo
estava exatamente como eu tinha deixado. A história estava parada no mesmo
capítulo, as pessoas continuavam me esperando no mesmo lugar e a cerveja ainda
estava gelada. Parecia que Deus havia me dado a oportunidade de retomar a vida
exatamente de onde eu tinha parado em 2012. Se os acontecimentos tivessem
ficado por aí já seria motivo para chamar a atenção para o fenômeno que estava
acontecendo; mas não. Foi uma sucessão de acontecimentos que estão mudando radicalmente
o rumo da minha vida. Como se em 2012 tivesse realmente acontecido o fim de um
mundo e 2013 estivesse nascendo novo, todo modificado. Todas as áreas que
compõem a minha vida foram alteradas para melhor. Como se Deus tivesse me dado
a oportunidade mágica de voltar no tempo e corrigir as coisas erradas, dando-me
acontecimentos iguais de presente, um atrás do outro, numa sucessão de correções.