sexta-feira, 29 de julho de 2011

Implausibilidade

“... a história é uma criação artificial. Nada na vida real é tão claro e organizado, não há verdadeiramente um final, as pontas ficam soltas... vai acontecer algo que não seria possível na vida real. Se você se livrar disso, se substituí-lo por um acontecimento crível, o Ponto de Implausibilidade emergirá em algum outro lugar.” (extraído do livro Oficina de Escritores de Stephen Lock)

Estudando sobre a forma correta de escrever uma história de ficção me deparei com o desafio da implausibilidade. Conforme a teoria, toda ficção tem sua base no implausível. Não necessariamente precisa ser uma ficção científica, uma história de terror, nem um realismo fantástico, basta ser uma história baseada naquilo que se distanciaria um pouco do que seria plausível na realidade cotidiana. Afinal, ficção não é autobiografia. Enfim, esta é a teoria. Mas só se escreve sobre aquilo que se conhece ou o que, pelo menos, imagina-se conhecer. Neste aspecto, fica difícil não colocar pitadas de realidade em uma história de ficção.

Em um dos capítulos da “tragicomédia” que estou escrevendo nas horas vagas me peguei alterando a realidade implausível para uma ficção plausível. Parece confuso, mas vou explicar. O fato narrado da forma como ele realmente aconteceu é tão implausível que fica estranho até mesmo dentro de uma história de ficção. Tive que amenizar os fatos bizarros transformando-os em um pouco mais plausíveis para que não deixassem a ficção com aspecto de insanidade.

Para explicar o motivo deste texto pensei em colocar aqui um parágrafo da ficção implausível. Sem chances. Que graça teria um parágrafo solto de um contexto? Então pensei em narrar a implausível realidade. Sem chances também. Algumas pessoas se identificariam em situações que nunca se deram conta o quanto foram bizarras por coincidirem com outras situações bizarras. Logo, este texto tornou-se completamente sem propósito. Pior que a falta de propósito deste texto é a cara de pau de quem o divulga a amigos que, com certeza, têm coisas melhores para fazer.

Agora você deve estar dizendo: e eu li este texto inteiro...

Desculpe amigo, se você leu é porque sabe que este blog é um treino pra mim. Além disso, seu comentário é muito importante para mim, mesmo que seja pra me mandar a merda!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Óculos

Quando criança, estendendo até a adolescência, eu era muito tímida. Filha única, acostumada a brincar sozinha, nem sempre tinha companhia para um jogo de tabuleiro. Os gibis e os livros de história foram meus grandes companheiros de infância. Diante desse histórico, por tabela, só podia ser a CDF da sala de aula. Tudo isso cerceado de muita insegurança. Além disso, minha mãe me fazia carregar na cabeça um horrendo par de tranças que me faziam parecer um verdadeiro ET.

O tempo passou, graças a Deus! Com autoanálise e um pouco de treino superei boa parte da timidez. Hoje tenho vários amigos que preferem dividir uma mesa de boteco comigo do que uma partida de qualquer jogo de tabuleiro. Continuo gostando de livros e continuo apaixonada por super-heróis. Agora não mais os dos gibis, e sim os dos filmes e seriados de TV. Sou até capaz de ter uma fantasia sexual com Lex Luttor. Só consegui terminar completamente um curso superior após os trinta, bem após... o que demonstra muita imaturidade. Sou apenas um pouquinho mais esperta do que era na adolescência. Hoje uso aquela tal de inteligência emocional. Não uso mais um par de tranças, mas agora, inevitavelmente, uso um par de óculos.

O engraçado é como os óculos estão diretamente ligados à personalidade meio nerd. Nunca os usei na infância, uso agora que me aproximo dos quarenta. Muitas pessoas que fizeram parte da minha infância e da minha adolescência eu reencontrei atualmente no facebook. O engraçado é que várias delas comentaram que se lembravam de mim na escola, sempre quietinha e de óculos.  Interessante... a única coisa perfeita da minha infância era a visão. O uso dos óculos, que nunca existiu, está diretamente ligado àquela personalidade nerd. Quem me conhece bem hoje, sabe que o estereótipo nerd não faz mais parte de mim. No entanto, os óculos... não posso mais viver sem eles.

domingo, 17 de julho de 2011

De novo vou falar sobre ela: a paixão



O que uma mulher procura em um homem? Dizem os psicólogos que o homem procura na mulher a figura da mãe e a mulher procura no homem a figura do pai.

Dias atrás entrei na padaria e encontrei uma amiga que não via a algum tempo acompanhada pela nora. Fiquei feliz em vê-la e perguntei como ela estava. Ela e a nora franziram a fronte e minha amiga me contou, em lágrimas, que o marido havia morrido. Me surpreendi com a sinceridade daquelas lágrimas. Afinal, quantas vezes precisei consolá-la quando aquele traste do falecido tratou-a com uma grosseria sem tamanho, pra dizer o mínimo, entre outras atrocidades que não precisam ser mencionadas. Pensei comigo mesma: “tá chorando por que? Ele era um animal!” Mas suas lágrimas sinceras me deixaram ressabiada.

Outra amiga me contou que, cansada das grosserias do marido, foi procurar um psicólogo, digo, psicóloga. (Não sei se é possível um homem entender uma mulher em virtude do pensamento linear característico do gênero masculino) A psicóloga ouviu pacientemente todas as reclamações, depois indagou: “Você continua com ele porque procura nele a figura de seu pai.” Ela ficou perplexa! A psicóloga então perguntou: “Diga sinceramente, como era seu pai?” Ela respondeu: “Um grosso.” E começou a relembrar que, apesar disso, sua mãe ficou casada com ele por quase cinquenta anos, e hoje, viúva, chora sua ausência. Ela passava por uma crise conjugal naquele momento. Então me disse: “Será possível que um dia ainda vou chorar a ausência do traste do meu marido? Tô pagando pra ver!”

No entanto, a recomendação é: “Cuidado quando pensar em separar-se. Temos uma tendência à repetição. É provável que se ela se separar depois vai arrumar outro grosso”.

Ela me disse que perguntou à psicóloga: "Mas e aquele encanto do começo de namoro, quando ainda estávamos apaixonados?" Esta respondeu: “Se as pessoas se mantivessem apaixonadas por longos anos o mundo pararia. Ninguém faria mais nada. Ainda bem que toda paixão um dia acaba!”  
Ainda estou pensando em tudo isso. Paixão é sinônimo de sofrimento. Isso acontece quando passamos a gostar mais do outro do que de nós mesmos. Mas a paixão quando está diretamente ligada ao amor é essencial. Necessitamos nos apaixonar, seja por pessoas seja por atitudes seja por sonhos, para viver com um mínimo de dignidade. Dignidade sim! A vida sem paixão é pobre de objetivos.

terça-feira, 5 de julho de 2011

"Não é a minha situação que me traz felicidade, mas a minha resistência."( Pegando emprestado esta frase de Fabrício Carpinejar para descrever um pouco da minha essência)
As vezes nem eu acredito na resistência que tenho! Não sei se é apenas pelo fato de ser mãe ou pelo fato de ser tão-somente "mãe de família". Mato um leão por dia, amo demais, cuido dos mais próximos (ser-humano ou canino), valorizo demais os amigos que tenho e quase quase nunca baqueio. Apenas a hipocrisia e a ganância exacerbada ainda me chocam.